quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Sem título - 04/07/2014

No fim, acho que não é mesmo amor, é curiosidade. Porque desde criança tenho esse fascínio por quebra-cabeças e você deixou tantas peças por se encaixar, que eu simplesmente não consigo seguir em frente. Não com um passado incompleto a me assombrar. Preciso saber como você terminaria aquela frase que cortei e que gosto teria o beijo que evitei virando o rosto. 

Fico me perguntando se, se eu tivesse ficado naquela noite em que implorou que não fosse embora, você teria feito ou dito algo que pusesse um fim nesse nosso lance sem nome. Imaginando como teria sido dormir e acordar contigo. Especulava o motivo de eu ter sido quase intocável pra você, quando me olhava com os olhos incrédulos. 

O que vivemos foi um belo quadro, mas quando o olho me tortura ver essas peças faltando aqui e ali. Espaços etiquetados com uma grande e irritante interrogação. “Decifra-me ou devoro-te”, gritam. Não sei como silenciá-los e menos ainda como decifrá-los. 

Eu fui e você foi. Nos afastamos tanto que talvez nem nos reconheçamos mais. O jeito é me adaptar, aprender a conviver com esses gritos oscilantes. Amo quebra-cabeças, mas amo ainda mais fingir inatingibilidade e manter meu orgulho intacto. Deixo o destino e os ventos se encarregarem do que tiver que ser. E eu estou bem pra caramba.

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