terça-feira, 4 de novembro de 2014

t.a.g



Cuido que essas minhas dores não são puramente físicas. Dói-me a cabeça e enrijece-me o pescoço em resposta aos anos de provação. Li uma vez “esse seu peso nas costas pode ser suas asas paradas”, e essa frase assim, numa metáfora simples, falou mais diretamente a mim que diversos poemas já lidos. Hoje, que sou se não um ser prensado pelas más experiências? Diariamente, permitindo-me ser sobreposto pelos medos e anseios, calando-me por puro recato débil.

Minhas asas atrofiam-se e, por negligência, deixo-as cessarem sem lutar. Vezenquando tenho o ímpeto de batê-las e tentar voar novamente, mas as dores me paralisam. Um impulso que se esvai tão rapidamente com o fracasso, que mal vale a tentativa.  Dói-me o peito e meu coração, que já não sabe que ritmo seguir nessa hora, suplica por descanso. E a respiração, pesada e custosa, impede-me de prosseguir.

Meus inimigos, muito pior que a minha frente, estão dentro de minha cabeça e têm a mim como maior aliado. Quando combatê-los me é caro, torna-se muito mais confortável a rendição e,  quando desistir parece o sensato a se fazer para sobreviver, você o faz. Não existe análise crítica quando o ar simplesmente não chega a seus pulmões e não se consegue pensar noutra coisa que não respirar.

Cuido que essas minhas dores não são físicas.