
Enquanto observava os jovens foliões retornarem ao lar com calçados na mão e sorrisos satisfeitos no rosto, pensava consigo que aquela alegria não era a mesma dele. Pensava que, apesar de poder ter sido muito bom beijar tantas bocas na micareta, mal sabiam eles quão melhor é beijar uma boca e saber que essa é sua e só. Possuir não só a boca, mas corpo e alma de outro alguém, num tipo de posse que só se faz possível quando esse alguém se permite e renuncia a si mesmo, para viver no peito do outro.
Lembrava, com uma saudade sufocante, da menina que se deixou pertencer e apressou o passo, sem nem notar, pra sentir mais cedo o perfume dela. Para abraçá-la e fazê-la saber que as segundas, terças e quartas-feiras também eram dela. Para contar pra ela que não conseguiu esperar pelo próximo domingo.
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