
Li em algum lugar que psicólogos
chegaram à conclusão de que agradar a todos não é o caminho para a felicidade.
Bem, queria que tivessem me dito isso alguns anos atrás. Talvez os teria ouvido
e não tivesse que relembrar o meu próprio corpo a como respirar em uma situação
de estresse. Talvez o ar não pesasse uma tonelada nessas ocasiões.
É simples e idiota. Posso me
articular bem em meio a uma discussão, mas se ela torna-se mais acalorada, eu
recuo. Alguns me chamam pacífico, mas eu sei que não passo de um covarde, um
ser humano que não sabe lidar com outros. Porque a existência e convivência
humana são cheias de vaidades, picuinhas, transtornos... e não compartilhar delas
é isolar-se da sociedade.
Então cá estou eu transmitindo
minhas ideias da minha própria ilha, exilado por força maior que as minhas. Aos
que me classificam apenas como um esquisito antissocial, eis a minha verdade:
eu não renego vocês, eu apenas não sou daí. Eu não aprendi seus valores. Coisas
que lhes são banais, como ignorar e subjugar os diferentes, me machucam o âmago.
Supervalorizar a si mesmo a ponto do outro não passar de coadjuvante em todos
os aspectos, é uma guerra solitária da qual eu não quero fazer parte.
Mas numa brincadeira cruel dos
deuses, me puseram entre os homens em vez de entre os lobos, e aqui não é
possível sobreviver à parte. Então me esforço para passar despercebido. Faço o
melhor pra que tenha que lidar apenas com a minha prisão invisível, onde meus
conflitos internos tentam me convencer, dia após dia, que eu sou tão melhor que
todo o restante dos homens ou uma escória da humanidade. Onde eu tento me equilibrar
entre o amor e ódio por mim mesmo, enquanto treino emular um sorriso espontâneo
após uma piada desrespeitosa do chefe, quando na verdade eu gostaria de manda-lo
calar a boca. Mas isso resultaria em um confronto em qual não estou apto a
participar, então volto resignado à configuração anterior de apenas assistir ao
convívio alheio.
Sorrir de volta quando sorriam
pra mim. Ignorar provocações que eventualmente surgem. Tomar um café forte no
início e ao fim do dia. Ir à terapia uma vez por semana. Ler e assistir conteúdo
sobre comunidades distantes... Consumir tudo que me assalte a realidade por
instantes e não me faça esquecer de como o ar passa por meus pulmões.
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