Alguma vez já se sentiu tão feliz
a ponto de ter medo? As coisas melhoram instantaneamente e permanecem assim
sem que você consiga encontrar um motivo lógico para aquilo ter acontecido.
Você tem o mesmo emprego, mesma casa, tem os mesmos amigos, mora na mesma
vizinhança de sempre e simplesmente tudo passa a ter um brilho diferente.
Você acorda pela manhã e não se
importa do despertador ter cortado a melhor parte do sonho porque sente que, na
verdade, a melhor parte você pode começar a fazer agora, na vida real. O céu está
mais azul, as pessoas estão mais bonitas e os pets estão encantadores. Você
deseja bom dia pro sol porque, subitamente, passou a enxergar beleza na
natureza e nos detalhes do seu dia.
Sua rotina não tem mais o peso de
sempre, virou prazer. Suas expectativas a respeito do mundo tornaram-se
incomparavelmente melhores. É como se o tempo passasse num ritmo diferente e
você pudesse notar a graça de estar vivo. Você se sente feliz quase que apenas
pelo fato de existir. E, quando se dá conta, percebe o quão assustador isso é.
Digo, não há nada de errado em
estar contente, o que parece errado é não saber bem o que te levou a isso. Algo
sustenta sua felicidade e não há como impedi-lo de ir porque não se faz ideia
do que seja tal coisa.
Não temos medo de ser felizes.
Temos medo de perder a felicidade e não conseguir recuperá-la tão cedo ou, quem
sabe, nunca mais. Não sabemos quão triste somos até experimentarmos o
verdadeiro riso. E agora, cientes de nosso estado de felicidade, como lidar com
a possibilidade iminente de perdê-lo?
Você começa a lutar contra um
inimigo invisível. Passa estragar dias de sorriso com o receio infundado de ver
o que tem ser destruído por algo inexistente. E acaba por desmoroná-lo por si
mesmo. Irônico, não? Você não quer que acabe e se torna o próprio causador do
fim.
Não, não há reviravolta dessa vez. É
isso.
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