sábado, 13 de abril de 2013

irônico, não?



Alguma vez já se sentiu tão feliz a ponto de ter medo? As coisas melhoram instantaneamente e permanecem assim sem que você consiga encontrar um motivo lógico para aquilo ter acontecido. Você tem o mesmo emprego, mesma casa, tem os mesmos amigos, mora na mesma vizinhança de sempre e simplesmente tudo passa a ter um brilho diferente.

Você acorda pela manhã e não se importa do despertador ter cortado a melhor parte do sonho porque sente que, na verdade, a melhor parte você pode começar a fazer agora, na vida real. O céu está mais azul, as pessoas estão mais bonitas e os pets estão encantadores. Você deseja bom dia pro sol porque, subitamente, passou a enxergar beleza na natureza e nos detalhes do seu dia.

Sua rotina não tem mais o peso de sempre, virou prazer. Suas expectativas a respeito do mundo tornaram-se incomparavelmente melhores. É como se o tempo passasse num ritmo diferente e você pudesse notar a graça de estar vivo. Você se sente feliz quase que apenas pelo fato de existir. E, quando se dá conta, percebe o quão assustador isso é.

Digo, não há nada de errado em estar contente, o que parece errado é não saber bem o que te levou a isso. Algo sustenta sua felicidade e não há como impedi-lo de ir porque não se faz ideia do que seja tal coisa.

Não temos medo de ser felizes. Temos medo de perder a felicidade e não conseguir recuperá-la tão cedo ou, quem sabe, nunca mais. Não sabemos quão triste somos até experimentarmos o verdadeiro riso. E agora, cientes de nosso estado de felicidade, como lidar com a possibilidade iminente de perdê-lo?

Você começa a lutar contra um inimigo invisível. Passa estragar dias de sorriso com o receio infundado de ver o que tem ser destruído por algo inexistente. E acaba por desmoroná-lo por si mesmo. Irônico, não? Você não quer que acabe e se torna o próprio causador do fim.

Não, não há reviravolta dessa vez. É isso.

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