Senta aqui do meu lado. Ou fica aí mesmo. O importante é que
você me ouça. Ou não ouça, mas fique aqui, nessa sala. Você nem precisa
comentar o que eu disser. É que eu estive pensando umas coisas aqui comigo e
deu vontade de expor. Andei pensando sobre mim, claro, mas ainda mais sobre
você e eu. Sobre como estou sempre te sugando até a última gota de afeto, de
desejo, de atenção. Sobre como estou sempre solicitando que você se doe, que
ame mais. Você faz o possível, eu sei. Você vem sempre que pode e traz flores e
chocolate. E tem chovido tanto esses dias, e São Paulo já é um caos sem a chuva,
com ela então. E você tem me ligado nesses dias chuvosos em que o trânsito não
te permite chegar. Mas não serve, não é igual. Quero ver teu rosto com aquela
expressão incomodada por eu ter te feito atravessar a cidade. Essa expressão
que se desfaz com o primeiro beijo quente que te dou. Quero te ver chegar, largar as chaves na mesa
e vir me abraçar. Quero sentir teu perfume mesmo ele estando misturado a cigarros
e fumaça de escapamento. Porque esse é você. E te quero por completo, todos os
dias. Porque não vai ter mais ninguém que vai me olhar carinhosamente enquanto
desafino I Will Always Love You. Ou pelo menos alguém que eu acredite que está
mesmo gostando. Porque não vai ter mais ninguém que eu ame tanto detestar o
gosto musical. E você se veste mal e comete erros gramaticais às vezes. Mas
isso te torna único. E se você é único, como poderei te substituir, entende? O que
eu queria mesmo dizer é que estou com um medo sem tamanho de você se afastar. E
que vou te requisitar sempre mais e mais. Eu sou insatisfeita. Tenho uma sede
enorme do que me faz bem. Você me faz bem.
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