quinta-feira, 30 de agosto de 2012

marcos e maria



Marcos Moreira, desde menino, morava em Maresias.
Mesmo na maioridade, ainda meio moleque,
Mergulhava no mar indómito, muito amostrado,
Pra chamar o olhar feminino.
E as meninas amavam.
Principalmente Maria
Que se maquiava e punha o melhor maiô.
Mas Marcos nem ligava
Maria é menina mimada, dizia, Não é pra mim.
Almejo mulheres como Marylin Moroe.
E mangava da moça.
Ela, magoada, saia amuada.
“Mas Marcos há de me querer namorar e eu não mais!”.
Em março, Marcos mudou-se para Macapá.
Em menos meses que o imaginado
Voltou a Maresias e viu Maria
Já mulher formada e formosa.
Maroto, foi mostrar-se homem mudado.
E ela mostrou-lhe a aliança de diamante e ouro maciço.
Agora era amigada com Aroldo Alves, o arquiteto.
Habitava na Alameda Antonio de Assis
E ia de avião à Austrália, África, Alemanha, Alpes e Argentina.
É, Marcos. Mudam o mundo e a menina.

sábado, 25 de agosto de 2012

3 por 10


O menino cresceu alto e forte.
Feição imponente, voz de locutor.
Infelicidade. Vítima da própria sorte,
Ele agora vende bala no metrô.

ponto


Se me pedir, eu espero. Espero mesmo. Talvez não sozinha. Relação vazia e nada mais. Diga que não pode agora. Que está com alguém e esse alguém morreria se o largasse agora. Diga que te ameaçam homicídio. Diga que está atarefado, focado na carreira, que não pode ou não quer se envolver agora. Peça pra eu te desejar em segredo, calada. Peça pra que eu te guarde fingindo indiferença. Ou peça pra que eu vá. Pra que te deixe em paz. Diga que não me quer por perto. Que não há próximos capítulos nessa história. Que, sinceramente, fui um bom passatempo. Ou que me amou demais e agora acabou como um poço que seca. Diga que quer me ver mais duas ou três noites e então fim. Ou me peça pra que te espere. Mas, por favor, diga algo. Coloque um ponto final ou reticências. Não me deixe aqui assim, desiludida e esperançosa, com a sua interrogação.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

sessenta minutos


Chove, não chove.
Vai chover amanhã. Talvez faça sol.
 Talvez o meu pai venha, talvez não volte.
Talvez eu aprenda, ou só ignore.
As elipses formadas na sombra.
Na rede, debaixo da árvore
Do rochedo.
Qualquer coisa
Sobre caos e medo.
Preguiça de rimar, de pensar.
Apetite do  nada.
Fardo que não pesa
Nem incomoda, na verdade.
Joguei fora o calendário.
E umas fotos reveladas.
Outras eu só deletei
Tentando esquecer a idade.
E minha memória quando volta?
Diz aí, doutor, que eu to bem.
Só estou brincando de soltar palavras.
Ver o que sai depois de juntas.
Misticismo infantil, metido a besta.
Fica assim, então.
Nosso tempo acabou.
A gente se vê próxima sexta.
Não, ninguém vai morrer não.
Semana que vem eu te explico
Se der. Se eu recordar.
Preciso me lembrar que não somos amigos.
O que somos mesmo?
Ah, eu sou chuva, pode ser?
Hoje eu chovo, ou não chovo.
Semana que vem, mesmo horário, eu volto
Ou talvez não.