quinta-feira, 19 de julho de 2012

lembranças, joplin e chardonnay II



Acho que vou trocar meu carro. Já cansei dele mesmo. Meu Opala Metálico Azul adquirido pra te impressionar, só porque amava a tal música. Eu era jovem e fodido e ainda assim economizei e o comprei por você. Deve ser verdade essa conversa de que deixamos de ser racionais quando apaixonados. Nos tornamos perfeitos idiotas. De qualquer forma, o Opala já não faz mais tanto sentido. Eu te vejo nele. Na verdade, ele transpira você. Mantê-lo é me torturar. De que me adianta lembrar teu sorriso se já não sou a razão dele? Quando nos deixou me privou do teu sorriso. E do meu. Sinto falta dele. Sinto falta de te ver dançando pela casa ao som de Dezesseis. Sinto falta de brigar contigo por mexer nos meus LPs. Sinto falta de te telefonar, mas não posso. Não vou. Admito que sinto sua falta. E que inferno é sentir isso. Vou me livrar do carro e do seu fantasma. Comprar outro esportivo. Quem sabe um Porche agora que posso? Sim, um porche. Assim teria uma desculpa pra te ligar e até fazer referência à Mercedes-Benz. Você ficaria feliz? Talvez percebesse que tenho ouvido sua Janis. Que tenho te ouvido. Que tenho me importado com essa ausência tão presente.

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