
Todos os dias, no caminho de
volta do trabalho, a condução passa em frente a uma igreja católica e sempre é possível
testemunhar algumas pessoas se benzendo ao vê-la. Já estou habituada, de forma
que isso não me comove mais. Mas aquele senhor, naqueles dois segundos, me fez
repensar meus hábitos cristãos. Não sei bem o que ou por que me surpreendeu.
Talvez tenha sido o ambiente, talvez já tivesse inclinada a rever minha fé,
talvez tenha sido sua expressão de bravo que tão fortemente contrastava com seu
gesto. Ele me fez sentir culpa. Culpa por aquele poder ser um gesto rotineiro
para ele e estar tão distante da minha realidade.
Sou cristã. Acredito piamente em
Deus. Mas até que ponto levo isso em minha vida? Há quanto tempo eu não orava?
Há quanto tempo não dizia verdadeiramente o Seu nome? Há quanto o tempo o
subestimava invocando-o deliberadamente em frases que perderam totalmente o
sentido devido a repetições desrespeitosas? “Pelo amor de Deus”. Tempo demais.
Essa constatação pesou em meu peito.
Aquele homem, aquele gesto podiam
ter passado despercebidos em meio a tantos passageiros ou simplesmente terem
sido ignorados enquanto prestava atenção no que era reproduzido pelo meu mp3.
Não sei quais serão as conseqüências de ontem, não sei se vou conseguir mudar,
não sei se vou conseguir trazê-Lo de vez para minha realidade. Mas sei que o
convite está feito.