Vazio. O aperto no peito está lá, mas sua mente não identifica bem o que é. Consome maços inteiros, sente o coração chegar à garganta, o ar rarear... Nada. É engolido pela ansiedade sem razão, ou por uma razão que não gosta de lembrar, e sai para caminhar. Vê a rua, os vizinhos, as crianças no parque, vira-latas sendo escorraçados de portas de padaria. Tudo igual, tudo como supunha estar.
Tem agora a idade que faz com que os outros o julguem despreocupado. Como se os dias e desventuras envelhecessem com o corpo. Como se os problemas poupassem os mais velhos e a paz tivesse os bancos reservados do transporte público. Essas crianças não sabem mesmo de muita coisa - bom pra elas. Mal sabem que o futuro as aguarda com o peso dos silêncios.
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