quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

ossos e fluido

Nunca amara ninguém. Nunca sentira a loucura. Confundia ego ferido com amor não correspondido. Assim se sentia mais humana. Se sentia mais que ossos e fluido. Quantos corações enganara? Quantos corações iludira? Se soubessem que o fazia também a ela mesma, a perdoariam? Quando a dor do nada era maior do que podia suportar, ouvia músicas tristes para fingir que havia algo dentro de si. Chorava na esperança de que as lágrimas lavassem sua culpa. Não, ela nunca amara ninguém. Mas continuava a lamentar suas paixões cessadas. Sabia que seu coração, pulsando apenas sangue, era demasiado insignificante para se viver por ele. Inventava, reinventava, cutucava feridas inexistentes e chorava por um amor que nunca sentira.